AS PESSOAS ESTÃO BEM MAIS CONSCIENTES DA NECESSIDADE DE PRESERVAR O BIOMA PAMPA
Carnes nobres e produzidas com rigorosos critérios já conquistam selos de qualidade de associações pelo Brasil afora.
Por Anibal Parera (IVLP, Argentina). Coordenador-geral da ONG Alianza del Pastizal .
Carnes nobres e produzidas com rigorosos critérios já conquistam selos de qualidade de associações pelo Brasil afora. Na batalha, estão os integrantes da ONG Alianza del Pastizal, para certificar campos nativos e a carne de animais que se alimentam dentro deste sistema de produção.
O assunto permeia as discussões do 5º Encontro de Pecuaristas de Campo Nativo do Conesul, que ocorre até amanhã, em Lavras do Sul.
Uma série de palestras, com especialistas de vários países, integra a programação. Hoje, uma das participações mais aguardadas é do coordenador-geral da ONG Alianza del Pastizal, o argentino Anibal Fernando Parera, que vai falar justamente sobre o andamento do Programa de Certificação de Carnes dos Campos Nativos. Também abordará como esse tipo de selo tem ligação direta com a vida dos consumidores, resultando em um produto mais saudável e de qualidade.
O painel de Parera está marcado para as 11h30min, no Parque do Sindicato Rural do município.
ZH conversou com o especialista sobre os principais pontos da palestra. Confira ao lado a entrevista concedida por telefone.
Zero Hora – O que é a Alianza del Pastizal e como ela atua?
Anibal Parera – São várias entidades, de diversos segmentos, que lutam em primeiro lugar pela conservação da natureza. São empresários, pecuaristas, ambientalistas, professores especialistas (dos quatro países integrantes, Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina) que sentiram necessidade em formar estratégias, com amplos benefícios a esses setores, para conservação do bioma Pampa, que está desaparecendo. Agimos para aproveitar esses recursos naturais para melhorar a vida das pessoas. O pecuarista é o grande parceiro, ele tem o maior interesse em aproveitar o campo natural sem destruí-lo. Eles convivem diretamente com o bioma Pampa.
ZH – Como está o processo do selo de classificação?
Parera – Já consolidamos, depois de várias discussões entre os quatro países envolvidos, um protocolo de certificação, com todas as normas do processo. Estamos na fase de implementação do sistema de certificação nas propriedades. Porque os campos é que serão certificados. Estamos na fase de avaliações. Esperamos que no ano que vem o processo todo esteja viabilizado.
ZH – O que essa certificação muda na vida das pessoas?
Parera – Quem consumir carne com este selo saberá, principalmente, que está contribuindo com a conservação da natureza. É um produto vinculado à saúde e qualidade sanitária, já que ficará claro que o animal não foi alimentado artificialmente. O campo nativo é muito rico em nutriente e tem uma flora e fauna de muita diversidade. Utilizar esses atributos naturais em vez de plantar uma pastagem artificial e dar suplementação vai ajudar a termos um mundo mais limpo.
ZH – Em relação aos outros países participantes, como o Brasil é visto neste processo?
Parera – De todos os países, é o que tem melhores condições de implementar e levar esse projeto para frente. A gente nota que as pessoas estão bem mais conscientes da necessidade de preservar o bioma Pampa. Mas o setor privado ainda é o que mais se preocupa e participa. É necessário apoio dos governantes.
ZH – O que se espera como resultado do evento?
Parera – Que haja uma participação mais ativa do setor público, principalmente com incentivos a quem produz carne com pasto nativa. Esse incentivo pode ser créditos especiais, redução de impostos e promoção desses produtos.